Filantrópicas cobram política de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama

Números divulgados pelo Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama (GBECAN) apontam que a rede pública de saúde recebe mais mulheres com câncer de mama em estágios avançados do que em estágios iniciais, proporção que se inverte na saúde privada. 

Esta realidade, conhecida pelas autoridades de saúde publica no Pais, reflete a dificuldade de acesso ao diagnóstico precoce na rede pública das pacientes com menor poder econômico, bem como a demora para iniciar e dar continuidade a todas as etapas do tratamento. Além disso, o tempo de vida livre de progressão da doença é maior em pacientes tratadas em hospitais privados do que pacientes da rede pública, ou seja, as mulheres acompanhadas pela rede conveniada conseguem conviver por mais tempo com a doença sem que ela avance. O tempo de vida de pacientes com metástase tratadas no sistema privado é cerca de cinco vezes maior em comparação às atendidas pelo SUS.

O tema foi debatido na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nesta semana, em um Ciclo de Debates sobre Câncer de Mama para Parlamentares, coordenado pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), entidade presidida pela sra. Maira Caleffi  “Não é justo termos de escolher quem vai ter direito aos tratamentos, ampliando assim as suas chances ou melhorando as suas condições de vida com a doença, e deixando de lado os menos favorecidos. Se somos todos iguais perante a lei, é de se esperar que as oportunidades estejam disponíveis para todos”, defende Maira Caleffi. 

O problema se inicia com o diagnóstico precoce, onde a rede publica vê sua estrutura sucateando-se. Controvérsias sobre prazos para a realização de mamografia e rastreamento esbarram na burocracia e na falta de uma politica efetiva para o setor, obstando o acesso de pacientes carentes a uma mamografia, ou um atendimento médico.

A Femama, ao promover este ciclo de debates com a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, assim como vem fazendo em outras capitais, pretende conscientizar e influenciar legisladores para que estes se mobilizem no sentido de assegurar uma politica de prevenção e de diagnóstico precoce que encontre a doença numa fase inicial e seja passível de tratamento. Além disso, que o acesso aos novos tratamentos para câncer de mama metastático disponíveis na rede de saúde privada também estejam disponíveis na rede pública. É que, há mais de uma década, o SUS não incorpora novos tratamentos para essas pacientes.

Diagnóstico tardio, alto custo da quimioterapia, da radioterapia e dos medicamentos,  em sua maioria importados, têm gerado inconvenientes para os gestores públicos, como a judicialização da saúde, transformando o Judiciário na tábua de salvação para muitas pacientes. E, acreditam os especialistas, este não é o melhor caminho. O foco, alertam, “tem de ser a prevenção”.