Imagens de ultrassonografia pré-natal detectam um tumor grande e raro saindo da boca do feto

Os tumores orofaríngeos fetais, que podem obstruir a respiração, apresentam altas taxas de morbidade e mortalidade, e o diagnóstico precoce pode melhorar os resultados dos pacientes.

20 Nov, 2020

Os médicos recentemente usaram ultrassom pré-natal para detectar um raro teratoma orofaríngeo de 4,6 x 3,6 cm (TPO) projetando-se da cavidade oral de um feto. Os detalhes do caso foram publicados em 4 de novembro no Cureus Journal of Medical ScienceOs tumores orofaríngeos fetais, que podem obstruir a respiração, apresentam altas taxas de morbidade e mortalidade, e o diagnóstico precoce pode melhorar os resultados dos pacientes. Infelizmente, neste caso, no dia seguinte à obtenção da imagem, a mãe deu à luz espontaneamente o bebê com 27 semanas e a criança morreu logo após o nascimento, de acordo com os autores.

"Os teratomas orofaríngeos são um tumor fetal raro que pode ser diagnosticado com o uso de ultrassom in utero", escreveram os autores, liderados pela Dra. Ruchika Narayan do Narayan Medical College and Hospital em Sasaram, Índia.

Os teratomas orofaríngeos ocorrem em 1 em 35.000 a 200.000 nascidos vivos, de acordo com os autores. Com esse tipo de teratoma, as células tumorais preenchem a cavidade oral, muitas vezes resultando em obstrução severa das vias aéreas superiores e altas taxas de mortalidade durante o período neonatal. Também geralmente se apresenta com excesso de líquido amniótico. 

Os teratomas orofaríngeos costumavam ser identificados em fetos muito tarde ou mesmo após o nascimento; no entanto, com os avanços da ultrassonografia, esses teratomas agora podem ser diagnosticados no pré-natal. A ressonância magnética também pode fornecer uma caracterização detalhada da lesão e excluir o envolvimento do sistema nervoso central e determinar a anatomia traqueal para segurança das vias aéreas.

Uma mulher grávida de 21 anos

A mulher, que estava na 27ª semana de gravidez, foi ao hospital por apresentar dores no baixo ventre e aumento da circunferência do estômago. Ela não tinha história médica significativa ou história familiar de doença hereditária ou malformações. No entanto, os médicos suspeitaram que a mulher tinha excesso de líquido amniótico.

A ultrassonografia revelou uma massa polipoidal pedunculada de 4,6 x 3,6 cm projetando-se da boca do feto e flutuando livremente na cavidade amniótica. A massa apresentava ecotextura sólido-cística mista, com áreas de calcificações e vascularização mínima. A mulher também apresentava nível elevado de líquido amniótico, com índice de líquido amniótico maior que 28,5, segundo os autores. 

Uma ressonância magnética foi realizada para obter melhor caracterização do tumor e para avaliar a associação entre a massa e estruturas circundantes. As imagens de RM revelaram uma massa de intensidade mista com uma haste projetando-se através das mandíbulas para o líquido amniótico. A parte interna da massa começa no palato duro e preenche grande parte da orofaringe. A massa não estava associada a nenhuma anomalia do sistema nervoso central, escreveram os autores.

Um dia após as imagens, a paciente teve parto espontâneo de um feto vivo. A massa previamente identificada era grande, macia e móvel com hemorragia superficial e projetava-se para a cavidade oral. O bebê morreu de grave dificuldade respiratória logo após o nascimento, antes que os médicos pudessem intervir. A análise histológica confirmou que a massa era um teratoma, de acordo com os autores.

Resultados melhores no futuro

A mulher está agora no terceiro trimestre de uma nova gravidez. Até agora, nenhuma anormalidade fetal foi detectada. Os autores revisaram 33 casos de fetos com teratomas orofaríngeos e, desses, 12 fetos morreram no útero ou logo após o nascimento. Narayan e colegas observaram que não têm conhecimento de nenhum caso relatado de recorrência de teratomas orofaríngeos em gestações subsequentes. “O diagnóstico precoce da OPT é de grande valor para o manejo obstétrico e neonatal”, acrescentaram.

Imagem: A ultrassonografia mostra uma haste alongada de tecido com uma massa polipoidal projetando-se da boca do feto e flutuando na cavidade amniótica. A massa apresenta uma mistura de camadas de tecido cístico sólido com áreas de calcificações e vascularização mínima. Todas as imagens são cortesia de Narayan et al. Licenciado sob CC BY-NC 4.0 ./ A ressonância magnética sagital mostra uma massa de intensidade mista com uma haste projetando-se através das mandíbulas para o líquido amniótico.

Fonte: https://www.auntminnie.com/index.aspx?sec=sup&sub=ult&pag=dis&ItemID=130878

 

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