Ablação por radiofrequência mostra-se segura e eficaz para tumores de tireoide

A ablação por radiofrequência (RF) é uma opção segura e eficaz para pacientes com pequenos tumores papilares da tireoide, de acordo com um estudo publicado no JAMA Otolaryngology - Head and Neck Surgery. Investigadores holandeses analisaram relatórios publicados sobre o uso de ablação por radiofrequência em pacientes com microcarcinomas papilares de tireoide (PTMC) e descobriram que o procedimento resultou no desaparecimento completo dos tumores em 79% dos casos, com poucas complicações. "A ablação por radiofrequência pode ser vista como tratamento avançado após o crescimento local do tumor sob vigilância ativa ou tratamento inicial em pacientes com ansiedade sobre vigilância ativa e que desejam evitar a cirurgia", escreveu a autora correspondente Dra. Tessa van Ginhoven, PhD, do Erasmus MC Cancer Instituto em Roterdã, Holanda. 

O carcinoma papilífero de tireoide é o tipo mais comum de câncer de tireoide, com microcarcinomas menores que 10 mm de diâmetro (PTMCs) representando uma proporção crescente de casos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Os PTMCs são diagnosticados em exames de ultrassonografia de alta frequência e biópsias guiadas por ultrassom, com a maioria das diretrizes recomendando a remoção cirúrgica dos tumores como tratamento de primeira linha. No entanto, a cirurgia vem com custos significativos e possíveis danos ao nervo laríngeo. A ablação por RF foi investigada como uma alternativa menos agressiva, mas sua segurança e eficácia ainda não foram determinadas, escreveram os autores. 

Nesta revisão sistemática e meta-análise, o grupo holandês vasculhou estudos publicados de ablação por RF para PTMCs e encontrou 1.045 artigos até maio de 2021. Após uma seleção cuidadosa, eles incluíram 15 estudos para sua análise. Todos os estudos se originaram da China (n = 11) ou da Coréia (n = 4) e foram publicados após 2016, observaram os pesquisadores. Os estudos incluíram um total de 1.770 pacientes (1.379 mulheres e 391 homens) com idades entre 42 e 66 anos que foram submetidos ao procedimento. Todos os pacientes tiveram PTMC confirmado por ultrassonografia ou biópsia por agulha grossa sem sinais de metástases linfonodais antes de serem submetidos à ablação por RF.

O grupo encontrou evidências de desaparecimento completo do tecido tumoral após ablação por RF em 12 dos estudos, com seguimento médio dos pacientes de 34 meses. Todos os 15 estudos relataram a possível ocorrência de progressão tumoral após ablação por RF, com uma proporção combinada de progressão tumoral de 1%, escreveram os autores.

Além disso, a equipe avaliou as complicações em todos os 15 estudos e encontrou um total de três casos de complicações maiores: dois pacientes apresentaram alterações de voz, que se resolveram espontaneamente após dois meses, e um paciente apresentou arritmias cardíacas temporárias durante o procedimento de RFA. Complicações menores, incluindo dor pós-operatória, alterações transitórias da voz e queimaduras na pele ocorreram em 45 pacientes (2,5%). "Os resultados desta revisão sistemática e meta-análise sugerem que a RFA é um método seguro e eficiente para tratar PTMC, com 79% de taxas de desaparecimento completo do tecido tumoral", afirmaram os autores.

Os pesquisadores notaram várias limitações, a saber, que havia 11 estudos com potenciais coortes de pacientes sobrepostos com base em nomes de autores, períodos de inclusão e afiliações. Além disso, dado que a ablação por RF para pacientes com PTMC é relativamente nova, os períodos de acompanhamento dos pacientes incluídos nos estudos analisados ​​foram curtos, escreveram eles. "Para avaliar e comparar adequadamente os resultados oncológicos com cirurgia e/ou vigilância ativa em populações com estratégias de diagnóstico restritivas, ensaios prospectivos ou estudos de registro com acompanhamento de longo prazo devem ser conduzidos", concluíram van Ginhoven e colegas.

Fonte: https://www.auntminnie.com/index.aspx?sec=sup&sub=xra&pag=dis&ItemID=134961