
CT de baixa dose no rastreamento do câncer de pulmão
No estudo o Dr. Gustavo Meirelles destaca a importância do programa de rastreamento e do diagnóstico precoce do câncer de pulmão
O câncer de pulmão é responsável por cerca de 27% de todas as mortes relacionadas a neoplasias malignas, sendo que mais da metade dos pacientes recém-diagnosticados com câncer de pulmão apresentam a doença em estágio avançado, com baixa sobrevida. Em função disso, o grande desafio é a identificação e o tratamento em sua fase inicial.
Estudos recentes têm comprovado que o rastreamento de câncer de pulmão por tomografia de tórax de baixa dose (TCBD), aliado a ações de cessação de tabagismo, mostrou ser mais eficaz na detecção da doença em estágio inicial, na maioria das vezes assintomática, permitindo o diagnóstico e o tratamento precoce, fundamentais para aumentar a sobrevida e reduzir a alta taxa de mortalidade dessa neoplasia.
Nesta edição do ID-Interação Diagnóstica, trabalho de autoria do Dr. Gustavo Meirelles (foto) e do Dr. Rafael D. Souza Pires, do Grupo Fleury, destaca a importância do programa de rastreamento e do diagnóstico precoce do câncer de pulmão.
Os autores enfatizam que dados da American Cancer Society mostram que o câncer de pulmão é uma das neoplasias malignas mais frequentes do mundo, sendo o segundo câncer mais incidente em ambos os sexos. No Brasil, no ano passado, foram estimados 17.300 novos casos de câncer de traqueia, brônquios e pulmão entre os homens (segunda maior incidência) e 10.800 novos casos entre as mulheres (quarta maior incidência).
“O desenvolvimento de câncer de pulmão está diretamente relacionado ao consumo de tabaco, com 90% dos casos ocorrendo em pacientes tabagistas. Estima-se que o risco de um fumante desenvolver câncer de pulmão é de cerca de 20 a 60 vezes maior que o risco de um não fumante”, destaca o Dr. Gustavo Meirelles na introdução do artigo.
Visto que temos uma enfermidade com alta taxa de mortalidade, baixa sobrevida e estágios avançados no momento do diagnóstico , tornam-se imprescindíveis ações cuja finalidade seja detectar a doença nas fases iniciais, tais como os programas de rastreamento de câncer de pulmão com tomografia computadorizada de tórax de baixa dose (TCBD), cada dia mais divulgados e reconhecidos pelos especialistas”, complementa Meirelles.
Os autores destacam que, em um programa de rastreamento de câncer de pulmão, são importantes: elegibilidade dos participantes, educação de toda a equipe, avaliação médica seriada, método de imagem eficaz em detectar as anormalidades na fase inicial, radiologistas experientes, relatórios claros, concisos e padronizados e um serviço de referência com médicos especializados para tratar os doentes, acompanhá-los e orientar sobre cessação do tabagismo. Com isso, espera-se detectar a doença em estágio inicial, alterar o seu curso, aumentar a expectativa de vida, reduzir a mortalidade e ter baixas taxas de falsos-positivos, além de não trazer riscos para os pacientes sadios.
Isso é confirmado pelo estudo National Lung Cancer Screening Trial (NLST), realizado pelo National Cancer Institute, em 2002, que contou com cerca de 50.000 pacientes e serviu de base para elaboração de vários outros programas de rastreamento no mundo. Nele, foram realizadas TCBD e RX tórax, comparando-se os resultados e avaliando-se a eficácia de cada método. A TCBD mostrou ser superior ao RX tórax na detecção de doença em fase inicial (caracterização de micronódulos – pequenos nódulos medindo até 0,5 cm) e o estudo foi o primeiro a comprovar uma redução de mortalidade de 20% no grupo rastreado com TCBD.
“Estudos anteriores de rastreamento de câncer de pulmão utilizando radiografias simples do tórax (RX tórax) e citologia de escarro não mostraram resultados satisfatórios. Por isso, atualmente, os estudos focam no uso da TCBD como principal ferramenta de rastreio”, destaca o trabalho assinado pelo Dr. Meirelles. “Para estruturação de um programa de rastreamento de neoplasia pulmonar com TCBD, é fundamental definir a população a ser rastreada. Ainda não existe consenso na literatura sobre qual deve ser a população rastreada, mas as principais entidades médicas recomendam realizar rastreamento por TCBD na população alvo descrita“ completam os autores.
Em virtude disso, a implementação de programas de rastreamento de câncer de pulmão tornou-se mais frequente desde os resultados deste estudo NLST, cuja conclusão de maior impacto foi a redução da mortalidade por câncer de pulmão nos pacientes com alto risco rastreados pela TCBD. Seus resultados sugerem ainda que milhares de vidas poderiam ser salvas com a triagem de indivíduos de alto risco, porém o desafio maior será a otimização da implementação do rastreamento do câncer de pulmão, elegibilidade dos pacientes e manejo dos nódulos.
“O rastreamento de câncer de pulmão por TCBD fornece uma oportunidade ímpar para detectar o câncer em estágio inicial e prevenir as mortes relacionadas ao câncer pulmonar. A implementação de programas de rastreamento por TCBD deve ser meticulosa e cuidadosa, aliada a programas de cessação de tabagismo, para garantir que os benefícios do rastreamento superem os riscos potenciais para cada indivíduo”, conclui o trabalho apresentado pelos médicos.
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