Composição corporal prediz complicações no tratamento do câncer de ovário

A análise da composição corporal em exames de tomografia computadorizada pode identificar pacientes com câncer de ovário com maior probabilidade de ter complicações relacionadas à quimioterapia, de acordo com pesquisa apresentada na ECR 2022 Overture. Em um estudo retrospectivo envolvendo 69 pacientes com câncer de ovário, uma equipe de pesquisadores liderada pela Dra. Stefania Rizzo do Instituto de Imagem da Suíça Italiana em Lugano, Suíça, encontrou associações estatisticamente significativas para três medidas de composição corporal por TC com quimiotoxicidade da quimioterapia neoadjuvante. Essas informações podem então ser usadas clinicamente para ajustar as doses de quimioterapia e permitir intervenções como a recomendação de exercícios e ajustes nutricionais antes da cirurgia. "Em pacientes com câncer de ovário, o perfil de composição corporal derivado da TC pode estar associado a complicações relacionadas à quimioterapia", disse Rizzo.

O câncer de ovário é a quinta maior causa de morte por câncer para mulheres em países desenvolvidos. Atualmente, o tratamento padrão é a cirurgia citorredutora primária com ressecção completa de toda doença macroscópica, seguida de quimioterapia adjuvante à base de platina, segundo Rizzo. Embora a área de superfície corporal tenha sido geralmente utilizada para determinar a dosagem de quimioterapia, esta abordagem não consegue detectar diferenças na quantidade e proporção de músculo esquelético e tecido adiposo, disse Rizzo. No entanto, a TC - um componente regular no tratamento padrão de pacientes com câncer de ovário - é considerada um padrão-ouro apropriado para avaliação não invasiva da quantidade muscular.

Em seu estudo, os pesquisadores procuraram avaliar associações entre medidas quantitativas de perfil de composição corporal em exames de TC com complicações relacionadas à quimioterapia. Eles também queriam avaliar qualquer associação entre sarcopenia com complicações e determinar se existem diferenças no perfil da composição corporal no início e após a quimioterapia neoadjuvante.

Os pesquisadores incluíram pacientes de sua instituição com um primeiro diagnóstico de câncer de ovário entre fevereiro de 2011 e março de 2020. Em seguida, eles registraram dados clínicos, incluindo o seguinte: idade do paciente, índice de massa corporal, estágio do câncer da Federação Internacional de Oncologistas Ginecológicos (FIGO), se ou não receberam quimioterapia neoadjuvante, redução de dose em relação ao primeiro ciclo, descontinuação prematura da quimioterapia por toxicidade, atrasos no ciclo de mais de duas semanas devido a eventos adversos induzidos por quimioterapia e data do último contato e/ou data do óbito para calcular sobrevida geral.

Os 69 pacientes do estudo tinham idade média de 65 anos e índice de massa corporal de 24,9. A maioria estava no estágio IIIC da FIGO (55% dos pacientes) ou no estágio IV (29% dos pacientes).Vinte e cinco pacientes receberam quimioterapia neoadjuvante. Destes, nove (13%) tiveram a interrupção precoce da quimioterapia e oito (12%) tiveram atrasos no ciclo superiores a duas semanas.Usando a versão 5.0 do software Slice-O-Matic (Tomovision), os pesquisadores extraíram dados da área do músculo esquelético, densidade do músculo esquelético, tecido adiposo subcutâneo e tecido adiposo visceral de uma imagem de TC axial no nível das vértebras L3.

Os pesquisadores encontraram três associações estatisticamente significativas entre medidas de composição corporal e complicações da quimioterapia:

• Densidade média do músculo esquelético: Odds ratio de 0,92 para atrasos no ciclo de mais de duas semanas (p = 0,007).
• Área do músculo esquelético: Odds ratio de 1,03 para descontinuação precoce da quimioterapia (p = 0,036)
• Tecido adiposo visceral: razão de chances de 1,01 para atrasos de ciclo (p = 0,044)

No entanto, os pesquisadores não encontraram mudanças significativas nas medidas de composição corporal após a quimioterapia. Eles também não identificaram associações entre medidas de composição corporal e sobrevida global. No entanto, essas medidas de composição corporal podem ser usadas clinicamente para adaptar as doses de quimioterapia para diminuir o risco de complicações, de acordo com Rizzo. Os cirurgiões também podem apreciar esta informação. "Se [os cirurgiões] derem suporte nutricional aos pacientes antes da cirurgia, eles terão um resultado melhor logo após a cirurgia", disse Rizzo. "Eles sabem que funciona." 

Fonte: https://www.auntminnie.com/index.aspx?sec=sup&sub=adv&pag=dis&ItemID=135187